Subsídios para um estudo coordenado por Carla Hilário de Almeida Quevedo
Há vocábulos cujo uso desajustado os torna susceptíveis de erradicação sumária, quando, na sua origem, possuíam uma função pertinente e deveras útil.
Um caso típico é Nomeadamente, hoje aplicado para exemplificar alguns elementos de um conjunto geral. Errado, como a seguir veremos.
Ezequiel Nomeada foi um tanoeiro e um místico que viveu em Salamanca, na segunda metade do século XIV. Aos 26 anos, abandonou a primeira profissão para abraçar a tempo inteiro o misticismo, que até então exercia apenas em horário pós-laboral. Certo dia, enquanto lia as entranhas de um faisão estufado, foi possuído por um arrebatamento súbito e descobriu que não só a Terra gravitava na órbita do sol como ambos giravam em torno do seu cunhado, o comerciante e também místico Pepe "Pepito" Vargas. Julgado por heresia e vadiagem, Nomeada foi ouvido por um juiz de primeira instância, perante o qual negou tudo. Porém, não convenceu o juiz, que proclamou, antes de o condenar a 32 anos de trabalho voluntário, "Nomeada miente!" Testemunhos coevos garantem que, entredentes, o pobre Nomeada terá respondido "E no entanto, o gajo tem razão."
Os séculos distorceram a primeira expressão (de início muito popular sempre que se desmascarava um mentiroso) e trouxeram-na, adulterada e insuportável, até à boca dos nossos políticos, jornalistas e dirigentes desportivos. Já a segunda expressão permaneceu intacta, à semelhança de Pepe "Pepito" Vargas, entretanto fugido para a Bretanha, onde viveria feliz durante mês e meio até cair vítima da peste negra.
Por hoje é tudo.
Um caso típico é Nomeadamente, hoje aplicado para exemplificar alguns elementos de um conjunto geral. Errado, como a seguir veremos.
Ezequiel Nomeada foi um tanoeiro e um místico que viveu em Salamanca, na segunda metade do século XIV. Aos 26 anos, abandonou a primeira profissão para abraçar a tempo inteiro o misticismo, que até então exercia apenas em horário pós-laboral. Certo dia, enquanto lia as entranhas de um faisão estufado, foi possuído por um arrebatamento súbito e descobriu que não só a Terra gravitava na órbita do sol como ambos giravam em torno do seu cunhado, o comerciante e também místico Pepe "Pepito" Vargas. Julgado por heresia e vadiagem, Nomeada foi ouvido por um juiz de primeira instância, perante o qual negou tudo. Porém, não convenceu o juiz, que proclamou, antes de o condenar a 32 anos de trabalho voluntário, "Nomeada miente!" Testemunhos coevos garantem que, entredentes, o pobre Nomeada terá respondido "E no entanto, o gajo tem razão."
Os séculos distorceram a primeira expressão (de início muito popular sempre que se desmascarava um mentiroso) e trouxeram-na, adulterada e insuportável, até à boca dos nossos políticos, jornalistas e dirigentes desportivos. Já a segunda expressão permaneceu intacta, à semelhança de Pepe "Pepito" Vargas, entretanto fugido para a Bretanha, onde viveria feliz durante mês e meio até cair vítima da peste negra.
Por hoje é tudo.
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