sábado, junho 19, 2004

Ao cuidado do DNA, da Caras, do Mil Folhas, do Mil Homens

A Ana Gomes Ferreira acertou em cheio: moro em Matosinhos, sou transmontano e não sou de Chaves. Querem mais? Sou casado, tenho duas cadelas (paternidade alheia), um Honda Stream, nenhum iate. Se insistirem muito, digo que sou do Benfica. Gosto de caça (comida, não praticada), de rios e lagos, de fotografias de rios e lagos, de Kafka, Gainsbourg e de Amália Rodrigues. Gosto do David Lynch, do Chevy Chase em 1975 e da Jean Seberg em qualquer ano pré-suicídio. Não fui ao Rock in Rio nem ao Super Rock (os Pixies já os vira). Meço 1,73 cm, peso (hoje) 68 kg, cabelos castanhos, olhos verdes. Não estou (hoje) disponível para novas relações. Não gosto de praia, de iogurtes e de Agustina Bessa-Luís. Leio onde calha e arrumo os livros onde posso. Não sublinho as margens das páginas (se a obra for uma oferta e uma merda, sublinho mentalmente o nome do cabrão que ma deu). Não quero ver nada traduzido para português, embora não desgostasse que traduzissem todo o Eduardo Lourenço para servo-croata e perdessem o original. Detesto gente com convicções inabaláveis, missionários, grupos, gaiteiros de Lisboa, peles bronzeadas, fóruns, congressos, debates acalorados, conversas amenas. Gosto, isso sim, de conversar furiosamente com os meus amigos. Gosto dos meus amigos. Duvido de um país em que o sr. Abrunhosa passa por compositor e em que D. João II passou por perfeito. A única bandeira em minha casa não está na varanda e tem uma Estrela de David ao centro. Gosto da globalização e do capitalismo. Quanto mais selvagens, melhor. Não gosto de selvagens.