quinta-feira, julho 29, 2004

Para o Nuno Guerreiro

Embora sem nunca referir a respectiva etnia árabe, eu até era por exemplo capaz de comentar os propósitos de uns sujeitos, que, obedecendo a uma tradição local, entraram numa aldeia do Darfur, roubaram o que puderam, acorrentaram uns pretos e deitaram-lhes fogo. Infelizmente, ando muito indignado com o vergonhoso muro da Cisjordânia e não tenho tempo.

...e amigos também

Embora eu não tenha nele qualquer responsabilidade, o meu aniversário suscitou algumas congratulações à minha pessoa. Naturalmente injustas. De qualquer modo, agradeço muito às seguintes personalidades ou instituições blogosféricas:

Ana Gomes Ferreira
Carla Hilário de Almeida Quevedo
Madonna
Nuno Guerreiro
Ricardo de Araújo Pereira
Ricardo Gross
Sara Muller
 
E com isto acho que bati o meu record de links num só post (e, agorinha mesmo, de vocábulos ingleses numa só frase).

quarta-feira, julho 28, 2004

Poeira de 28 de Julho

Pacheco Pereira lembra Etty Hillesum, essa Anne Frank madura e menos célebre. Hoje, há sessenta e dois anos, Etty recebeu por correio a notícia da sua morte. Como o mundo é estranho: hoje, há trinta e cinco anos (ai), na casa dos meus pais as notícias eram outras, presumo que mais alegres. Só a poeira é a mesma.

Comunicado

A Direcção do presente blogue vem por este meio pedir desculpa a todos os eventuais ofendidos pela graçola irresponsável abaixo. Excepção feita aos maluquinhos da animação de rua, "Não se brinca com o fogo" é uma premissa ancestral e pertinente, ainda mais quando se tem uma casa no meio do arvoredo e sob o calor do Nordeste, característica de resto comum a todos aqueles que produzem e levam até si o Homem a Dias. Como é óbvio, um inquérito interno será aberto. No dia em que o fecharmos, diremos coisas, não necessariamente sobre este assunto.

Negociações decorrem neste momento

segunda-feira, julho 26, 2004

É hoje, é hoje

É hoje que sai o DVD The Art of Amália, hora e meia de documentário + dezoito canções na íntegra. Mas depois não se queixem de que descuram a blogosfera, o emprego, a família: quando se tem uma recaída de Amália, tudo o mais perde boa parte do sentido. Nisso, reconheço, Amália Rodrigues sempre foi tremendamente fascista. Foi, e é. É hoje.

sábado, julho 24, 2004

Viva!

Afinal, a Charlotte não está zangada comigo. Mais: como no fundo seria de esperar, respondeu-me de forma brilhante e calou-me (ao contrário do que sucede com o dr. Alegre, a mim há quem me consiga calar). Ainda bem. Beijinhos. E um abraço ao Carlos.

sexta-feira, julho 23, 2004

Mudar de vida

Estranhamente, se comparada ao resto, a música popular portuguesa teve três génios: António Variações, Amália Rodrigues e Carlos Paredes. Um morreu há vinte anos; a outra há cinco; Carlos Paredes morreu hoje. Das três vezes fiquei triste.

Tempos modernos

Eu não queria ser assim a dar para o moralista, mas ninguém se incomoda que João Soares leve um bebé para a apresentação da sua candidatura e, em simultâneo, garanta que vai passar a respectiva campanha a usar o punho?

quinta-feira, julho 22, 2004

Mascalzone

Como decerto não repararam, eu nunca dou os parabéns aos blogues amigos que completam um ano disto (já agora: parabéns!). Não, não é ingratidão ou desprezo: é preguiça. Sucede que, de repente, os aniversariantes são às dezenas e, sabe quem me conhece, não convém contar comigo para coisas que envolvam muitos links. É links e comida italiana.

E ainda por cima gosto do The Office

Daqui informo a blogosfera que, embora de modo não oficial, parece que a Charlotte cortou relações comigo. Assim por alto, julgo que terá sido devido a um comentário sobre o Marlon Brando. É que eu nunca cheguei a dizer em público o que penso da Madonna, nem que preferia o concerto da Igreja Maná.

Trupe em sentido

Sobre a fulminante transferência de uma Dona Caeiro da Defesa para os Espectáculos, a melhor explicação virá da lavra deste senhor, no Expresso do próximo sábado. É cá um palpite.

É da Cica

Foi por prestimosa indicação do Pedro Lomba que cheguei ao Pura Goiaba, blogue made in Brasil. Agora o difícil é sair. 

quarta-feira, julho 21, 2004

Pobre País

...o nosso. Quando termina o melhor programa televisivo de sempre e não há sublevações, vigílias, ameaças de Geral pela CGTP. Eu, valha a verdade, tentei manifestar-me na Praça Humberto Delgado. Mas a manifestação de uma pessoa sozinha perde em impacto político aquilo que ganha em olhares resignados do público: “Coitadinho…”. Coitadinho de mim? Coitados de nós.

segunda-feira, julho 12, 2004

Já me esquecia

No centenário de Neruda, sabe bem recordar um poeta a sério. Emily Dickinson, por exemplo:

The largest fire ever known
Occurs each afternoon,
Discovered is without surprise,
Proceeds without concern:
Consumes, and no report to men,
An Occidental town,
Rebuilt another morning
To be again burned down.

Discriminação passiva

Só hoje reparei: dos cinco colunistas externos da “Sábado”, um é o novo primeiro-ministro, outro será provavelmente líder da oposição e um terceiro vai para a Unesco. Do Miguel Monjardino nada sei, mas aposto que está na calha para suceder a Kofi Annan.
Sobra um, por acaso eu. Aviso desde já que não me ofendo com um lugar de adido cultural, ou mero adido, em Praga ou em Dublin. Pronto, se o dr. Prado Coelho não levar a mal, no Rio também serve.

sábado, julho 10, 2004

Só para que conste

Eu era a favor de eleições antecipadas. Eu dispenso a manifestação em Belém. Eu tenho interesses na vida, e nenhum envolve qualquer "luta". Eu acho a Ana Gomes uma figura divertida, no exacto sentido em que o Buiça era uma figura divertida.

sexta-feira, julho 09, 2004

O outro mundo é preferível

Num único dia, um sujeito é despedido, perde a mulher, é informado de que sofre de cancro, fica sem o Fiat por causa de um atraso no ald, descobre que lhe roubaram a casa e confirma n’“A Bola” a lista de contratações do Benfica.
O sujeito pensa numa solução sacrificial. Suicídio? Possível, mas demasiado frívolo para tanta desgraça. Uma tese de doutoramento sobre a obra de Fernando Dacosta, o homem-microfone? Não exageremos. A alternativa solene, cruel e devidamente adequada às circunstâncias passa por uma inscrição no (rufar de tambores) Acampamento de Jovens do Bloco de Esquerda.
É isso aí, minha gente: “4 dias e 5 noites de festas, debates, conferências, workshops, muito convívio e partilha de ideias, projectos e experiências. Este acampamento está aberto a tod@s, quer estejam inscritos no Bloco ou sejam simplesmente simpatizantes.” Eu só não percebi se esta pândega, inspirada nos acampamentos do Hamas, custa 70 euros, ou se 70 euros é o que o Bloco paga aos participantes. Em qualquer dos casos, acho pouco.

Chiu…

Agora que a Charlotte não nos ouve, queria apenas dizer que concordo com tudo o que o Ricardo escreveu sobre Marlon Brando, o actor (?) mais patético de sempre. E olhem que já tomei em consideração o Tozé Martinho em “Os Homens da Segurança”.

quarta-feira, julho 07, 2004

Manifestações? (poeminha épico)

Nada que nos junte a estranhos merece consenso
Nada que nos convoque via sms merece adesão
Nada que ecoe dislates merece um minuto
Nada que seja ruído merece perdão
Nada que um homem sozinho não diga merece ser dito
Nada que seja berrado merece atenção

Na rua, só calçadas, o bulício do dia
e, para quem gosta, poesia
Manifestações?
Convoco-vos: vão chatear o Camões
Sempre enchem os Jerónimos ou o Panteão
Já que o Rossio, como é sabido, não.

segunda-feira, julho 05, 2004

Back to the right (and fair) wing

Não sei se é por tê-los desactivado, mas a verdade é que este blogue voltou a ficar sem comentários.

sábado, julho 03, 2004

Deco contra construção de parque de estacionamento

Por outro lado, Costinha e Maniche estão a favor. Sampaio recebe Scolari na segunda e decide na terça.

sexta-feira, julho 02, 2004

O Canada! Our home and native land!

Tenho pena de que o Canadá não esteja na final do Euro - e, já agora, no próprio Euro. Se calhar, eles nem têm equipa de futebol, mas o hino é sem dúvida o mais bonito que há.

P.S.: E logo a seguir, por ordem de preferência e valor cientificamente demonstrado, vêm os hinos de Israel, dos EUA e do Brasil. É uma encantadora coincidência, mas os melhores hinos pertencem aos países de que mais gosto. Donde nem à força, pelo amor de Deus, me façam ouvir os hinos nacionais da Alemanha e do Egipto, que por acaso conheço e são, naturalmente, horrorosos. (Bem, o da Alemanha nem tanto, mas não quero estragar a tese).

quinta-feira, julho 01, 2004

Jornalismo moderno

- Diga-me uma coisa, o que é que sentiu com a vitória de Portugal?
- Somos os maiores!
- Emoção, uma grande emoção!
- Somos os maiores!

- E você, o que é que sentiu?
- O Ronaldo é o maior! O Ronaldo é o maior! O Ronal…
- Isto é uma grande alegria!
- Agora podem vir todos!
- Até os comemos!

- Está aqui uma criança, Carlos. Diz-me uma coisa, para ti quem foi o melhor jogador?
- Eu acho que o Pauleta é um tanso e...
- Portugal, Portugal!
- Um beijo para a Tapadinha!
- É a Grécia para a desforra!

- Diga-me uma coisa. A maioria dos adeptos quer uma final com a Grécia. E a senhora?
- A Espanha, eu quero a Espanha...
- A Espanha já foi eliminada.
- Então a França!
- Tem de ser a República Checa ou a Grécia…
- Hã?
- A República Checa ou a Grécia.
- A Grécia, é a Grécia.
- Portugal, Portugal!

- Diga-me uma coisa. Qual foi para si o melhor momento do jogo?
- O golo do Maniche! O golo do Maniche!
- Eu não vi o jogo, mas estou aqui porque somos os maiores!
- E o que é que sentiu?
- Até os comemos, a selecção só nos dá alegrias!
- Olé, olé, olé...
- Amanhã é feriado para toda a gente!
- Venham os checoslovacos!

(etc.)

- E é assim, Carlos: a emoção é indescritível e a multidão promete não arredar pé.

O país possível II (um post optimista)

Agora mesmo, mesmo, mesmo muito a sério (para o Carlos, o Carlos, a Ana e o Bruno): já repararam como todos gostaríamos de ver Rui Rio (ou alguém semelhante a Rui Rio) primeiro-ministro, e como todos sabemos que a probabilidade de que tal aconteça é nula agora, e nula será sempre? Não vos aborrece um bocadinho que as coisas sejam assim e, dada a rapidez e a voracidade com que tudo se degrada, não haja esperança de que possam ser de outra forma? Esperança? “Esperança” é a palavra. Esperança eu gostava de ter. Nesse aspecto, e somente nesse, eu gostava de ser de esquerda. E acreditar da forma irresoluta com que eles acreditam que aquilo em que eles não acreditam um dia acontecerá. Mas não.