quarta-feira, outubro 27, 2004

Hã?

A ver se percebo. Há um idiota que come no McDonald’s durante um mês e filma o exercício. Decorridos os trinta dias, o idiota conclui que engordou e que tem um “documentário” de sucesso nas mãos. Outros idiotas pensam nos vastos segmentos de público definitivamente retardados e promovem o “documentário” como um libelo contra a indústria de fast food e, de caminho, a fatal América. Valha-nos Deus. O sr. Moore, pelo menos, recorre a uma complexa (bem, nem tanto) teia de mentiras para corroborar uma espécie de tese. Este sr. Spurlock parte do óbvio e, todo contentinho, chega ao ponto de partida.
Tirando uma equivocada ocasião (em Londres: a “gastronomia” inglesa é capaz de tudo), nunca entrei num McDonald’s. Porque não quero comer daquilo. Mas acho óptimo que milhões de pessoas queiram e comam, e não será necessário um vigarista para informá-las das consequências de uma dieta de hambúrgueres e afins. Engorda? Pois deve engordar. Faz mal? Se calhar faz. Super Size Him? Apetecia-me era aumentar a font do texto para tamanho 72 e perguntar: e depois? Ou, com mais moderação, o que é que o sr. Sherlock tem a ver com isso? Ao contrário do que ele pensa, ninguém ignora os riscos que corre, no McDonald’s ou na vida. Ninguém, excepto os que tomam o produto do sr. Spock pela “denúncia” de outra coisa que não a sua própria estupidez.

PS: Documentário de facto é Capturing the Friedman, que agora saiu em dvd. Mas se a ideia é falarmos da perfeição no género, o Luciano, como sempre, já esgotou o assunto: Wiseman. Nem mais.