sábado, janeiro 31, 2004

Brigada de Alzheimer ou exemplo de PGA ao entendimento da política portuguesa

Leia atentamente o seguinte texto:

Num encontro da extrema-esquerda nacional, que ele tanto combateu, o dr. Mário Soares alertou para a ameaça da extrema-direita, com a qual, em tempos, formou governo, e com a qual chegou a ser identificado - pela extrema-esquerda de que agora é figura de proa, nunca pela extrema-direita.

Explicite, justificando, as principais linhas de evolução ideológica presentes no parágrafo acima, sem recorrer a termos clínicos nem a ideais-tipo como ‘coerência’, ‘bom senso’ ou ‘vigarice’. Também se desaconselha o uso de comparações simplistas com o percurso de terceiros, particularmente o de Mitterrand, de Vichy à democracia, passando pela URSS.

Louçã suja

Ora então o dr. Louçã chamou ‘inimputável’ à dona Celeste. Por mim, acho óptimo que os políticos se insultem com afinco. E quanto à dona Celeste, já há muito poderia ter sido removida do Governo sem ninguém lhe sentir a falta. Só é um bocadinho bizarro o termo escolhido e o respectivo emissário. ‘Inimputável’? E um tipo que compra votos a balde? Um tipo que põe Trotsky na parede, o ‘Che’ no peito e Arafat no coração? Um tipo que anda para aí há uns trinta anos na política, em grupos e grupelhos, associações e abaixo-assinados e que nunca, que se saiba, teve a coragem ou a decência de tomar uma atitude individual, sem séquito, sem gurus, apenas levantar a voz acima do rebanho e dizer aquilo que dele não se esperaria, aquilo que não rende a euforia dos tristes - em suma, aquilo que faz a gente ser gente? E um tipo destes, o que é? Credível?

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Sieg Heil Mufti

A propósito, sobre a forma de lidar com os nazis que reivindicam a Palestina à bomba, aconselha-se também a leitura disto.

Eles andam aí

O Rua da Judiaria já escreveu o suficiente sobre o assunto. Gostaria apenas de repetir o link para as imagens do atentado de Jerusalém, dita cidade santa, ontem de manhã, 29 de Janeiro. No dia anterior, 28 de Janeiro, o exército israelita havia morto nove assassinos, desses que matam gente assim, desses que protegem os que matam gente assim. Algumas consciências pacificadas, perante o autocarro destruído, constatam a ‘equivalência moral’ dos actos; outras mal disfarçam o regozijo. Nem sempre a cumplicidade no crime implica o gesto. Longe de falecer em 27 de Janeiro de 1945, o espírito de Auschwitz continuou a pairar sobre os dias e os anos.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Ronda por Sampa

O Francisco escreveu sobre São Paulo. Nunca estive em cidade tão agreste; não há cidade que me volte tantas vezes à memória. Não sei se as piadas que os cariocas contam sobre Sampa são justificadas. Por vezes, são excelentes, como algumas que o Francisco lembrou. Ou como a de Nelson Rodrigues (e aqui vai a citação nº 7635 de N.R. na blogosfera portuguesa): «Não há maior solidão que a companhia de um paulista.»
Outras vezes, são absurdas, como quando Vinícius chamou a São Paulo «o túmulo do samba». Verdade que o Rio teve Noel Rosa, Cartola e Tom Jobim/João Gilberto, para citar apenas os génios e aqueles que melhor o cantaram. Mas raríssimas vezes, no Brasil e no mundo, uma cidade foi celebrada com a justeza e a dedicação que São Paulo mereceu de dois compositores, ambos bissextos e vergonhosamente subestimados: Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini.
Adoniran, autor de «Trem das Onze», que em versão adulterada é repertório básico de qualquer banda de feira (‘Não posso ficar, nem mais um minuto com você...’), escreveu igualmente «Tiro ao Álvaro», «Saudosa Maloca», «Samba do Arnesto» e «Vide Verso Meu Endereço». Frescos resignados e doídos da vida dos bairros e das classes suburbanas, numa lista séria das cinquenta melhores canções brasileiras de sempre, qualquer uma delas teria lugar de caras.
Vanzolini ainda é vivo, não canta (salvo excepções), não toca nenhum instrumento, é doutorado em zoologia por Harvard e uma das maiores autoridades mundiais em répteis. Até hoje, compôs 65 músicas. Duas, pelo menos, são obras-primas: «Praça Clóvis» (de que a interpretação definitiva, talvez difícil de encontrar, é de Chico Buarque) e «Ronda». «Ronda», devaneio de uma mulher ciumenta pelas noites paulistas até ao crime final (‘E nesse dia, então, vai dar na primeira edição: Cena de sangue num bar da Avenida São João’), é uma aula completa de precisão narrativa. É também um dos escassos momentos em que a música popular atinge aquele patamar de assombramento, ao qual, por conveniência, chamamos ‘arte’. Caetano Veloso roubou 14 compassos de «Ronda», além do espírito, para fazer «Sampa». Vanzolini, que é de uma discrição extrema mas não é parvo, insulta-o metodicamente nas poucas entrevistas que concede.
Nota pessoal: vai para quatro anos, troquei alguma correspondência com Vanzolini, bicho do mato, na expectativa de um encontro a que ele, para meu espanto, acedeu com a maior simpatia. Depois, por motivos com certeza irrelevantes, cancelei o encontro. Há frustrações que não nos largam vida afora.

Felizmente, o fado induca

Foram divulgadas as médias nacionais das provas de aferição de 2002. Tanto em Matemática como em Português, confesso-me chocado com os resultados. Estes claramente indiciam que, em ambas as matérias, na ‘primária’ e no liceu, ainda existem umas dúzias de alunos que sabem fazer contas e falar a língua. Fenómeno que, digam o que disserem, ninguém estava habilitado a prever.
Já quanto ao facto de as notas descerem à medida que se avança no ano de escolaridade, nada a dizer. As consequências de uma frequência prolongada do nosso ensino são, há muito, do conhecimento comum: por cá, a escola instrói.

Talvez um equívoco

Graças à sra. dona ministra do Ensino Superior, as nossas universidades poderão em breve decidir sozinhas sobre o número de alunos a admitir, bem como sobre os respectivos métodos de admissão. É a autonomia, enfim. Só tenho uma dúvida: de que universidades estamos a falar, ao certo?

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Missing in action

É verdade que a RTP 2 melhorou bastante, mas a façanha deve dar uma trabalheira do caraças: no que à blogosfera diz respeito, o Manuel Falcão desapareceu vai para três semanas.

terça-feira, janeiro 27, 2004

Posta restante

O Manuel Dinis, leitor assíduo, diz ter-se lembrado de mim ao ler este post do Barnabé e pede-me ‘uma resposta’. Com duas semanas de atraso, aqui vai ela.

Resposta:

Caro Manuel Dinis, sinceramente não sei o que é que, no dito post, lhe fez recordar a minha pessoa. O facto de eu não gostar do «Expresso»? Odeio aquilo. O facto de eu ser amigo do João? Sou muito e com muito orgulho.
Ou terá sido a opinião do João sobre «O Senhor dos Anéis», a que o tal post faz referência? Neste caso, lamento: o João leu e viu os livros e os filmes; eu mal sei quem foi o sr. Tolkien. O João é cristão ou, pelo menos, cresceu partilhando uma concepção cristã do mundo (ele menciona-o explicitamente no artigo em causa?); eu sou ateu e nunca tive qualquer familiaridade com o cristianismo. Em resumo, só posso informá-lo de que não costumo ver «o bem e o mal em confronto perpétuo». Normalmente, só vejo o mal - salvo excepções, com rédea solta. Mas o João sabe imensamente mais do que eu.

Nota adicional: continuo a não comprar o «Expresso». A amizade tem subtis formas de contornar os obstáculos.

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Mudando de assunto

Falando de coisas alegres, já confirmei: «Lost in Translation» é o filme mais infeliz do mundo. E um dos mais belos também.

Post mortem

Não tenho muito a dizer sobre a morte de Fehér. Apenas que foi triste, que a transmissão directa do momento ampliou a tristeza, e que a excitação ‘conspirativa’ subsequente não me parece uma elegia digna.

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Página em branco

A propósito das ‘bolsas de criação literária’, os bolseiros do Estado são funcionários públicos? Se sim, como é que estes particulares privilegiados lidam com a greve? Aproximam-se do computador e decidem: ‘hoje não escrevo uma linha’? E os sindicatos, já terão números do sector?

Vã glória

Há duas ou três semanas, participei no ‘Livro Aberto’, o óptimo programa televisivo do Francisco, a fim de discutir as ‘bolsas de criação literária’. Devido ao meu vasto talento oratório, acendi uma velinha para que ninguém reparasse na emissão em causa, apesar das inúmeras vezes que a NTV e a RTP a repetem. Ao fim de uma semana de repetições e de velinhas, a prece parecia ter resultado, já que nenhuma criatura, fora de um restrito e compreensivo círculo, mencionou o assunto. Infelizmente, por estes dias, alguém se terá lembrado de retransmitir a coisa: ontem, o casal Quevedo, toldado pela habitual simpatia, deu-me os parabéns (!), e hoje, a empregada de um café confessou, entre risinhos tontos, que me havia ‘visto na televisão’.
Quer dizer, pelos vistos tornei-me uma espécie de celebridade menor - tipo uma Rute Marlene ou uma Janita Salomé. Pelos vistos, e sem que o Francisco e os demais intervenientes no dito ‘Livro Aberto’ nisso tenham qualquer responsabilidade, pelas piores razões - tipo uma Rute Marlene ou uma Janita Salomé. As velas já foram para o lixo.

Greatest show on earth

John Ford (o realizador) chamava à greve um ‘socialist nonsense’. ‘Nonsense’ dele: para mim, dia de greve geral é dia de festa. Agora que os circos entraram em definitivo declínio, haverá melhor espectáculo que as habilidades dos sindicalistas com os ‘números da adesão’? Quem não aprecia ver um bom delegado da CGTP, invariavelmente de ‘kispo’, afirmar que a ‘greve no ensino é um enorme sucesso, como aliás se comprova pelo encerramento da EB 2/3 nº 235 do Barreiro’?
Apenas acho que a greve pode ter um efeito pernicioso para os funcionários públicos. Tirando, para quem precisa, os comboios e autocarros, o cidadão médio chega ao fim de um dia da ‘Geral’ e não dá pela falta de nada. Fechou um centro de saúde, dez tribunais, cem liceus? E quando estão abertos, nota-se a diferença? Um Governo a sério tiraria daqui as devidas conclusões: quando os sindicatos anunciassem, todos pândegos, que a adesão à greve rondara os 92,45% de ‘trabalhadores’, o Estado deveria sentir-se autorizado a despedir 92,45% dos respectivos funcionários, mais ronda menos ronda.
Caso contrário, e citando 92,45% dos pensionistas idosos, isto assim não vai a lado nenhum - mas nós divertimo-nos à grande.

quinta-feira, janeiro 22, 2004

O Homem a Dias também é cultura

Do que eu gosto, assim gostar arrebatadamente, é das crónicas de Pedro Strecht no «Público». Às vezes, vêm em prosa, e aí uma pessoa contorna-as com agilidade. Mas quando são Poesia, com justíssimo ‘P’ maiúsculo, até me arrepio. E não falha, corto com parcimonioso cuidado a página em questão, guardo-a no bolso e, à primeira oportunidade - jantar de amigos ou sarau cultural -, irrompo pela conversa adentro com uma mão na folha e outra ao vento, proclamando, por exemplo:

«Vocês tiram-me o pão para a boca
logo a mim, que mais não tenho
que esse alimento amargo, feito dor
pelo corpo do meu filho, desvirtuado
que engole em seco a mágoa, toda a tristeza
sem qualquer lamento, a vergonha esquecida
‘tome pai, aqui o tem’
que a noite, agora, é já silêncio.»

Lindo. Infelizmente, ainda preciso de cábula, o que retira um poucochinho do dramatismo à cena. O único poema que recito de cor é aquele do Décio Pignatari que começa assim:

«ra terra ter
rat erra ter
rate rra ter
rater ra ter
raterr a ter
raterra terr»

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Tolerância zero

Justíssima a demissão de Robert Kilroy-Silk pela BBC. Relembro que o dito senhor, em artigo do «Sunday Express», havia afirmado que nós, ocidentais, ‘não devemos nada aos árabes’, difamando ainda esse nobre povo de ‘bombistas suicidas, amputadores de membros e repressores das mulheres’. Pulha! Para cúmulo, sugeriu que os árabes nunca inventaram nada ‘que não tivéssemos conseguido sem eles’. Não? E a cegonha do poço? E a Mecca-Cola? Para não falar do número zero, que até daria à coisa um carácter premonitório, não fora ter sido descoberto pelos hindus.

Ceci n'est pas une pipe

Com o enorme interesse do costume, hoje não li a crónica do prof. Fernando Rosas no ‘Público’. Com o enorme interesse do costume, perdi cinco minutos com a rotineira dúvida: o prof. Rosas é o cachimbo ou o sujeito que está por detrás?

Consolos do Velho Mundo

Vi na CNN as ‘primárias’ democratas do Iowa e reconfirmei, tristemente, a falsidade americana. Nos EUA, land of the free, um autêntico candidato a chefe de estado tem de preencher três requisitos básicos: ser homem, branco e possuir espessa cabeleira. Embora, concedo, a minha opinião possa estar condicionada pelo facto de ser português - logo habituado a presidentes pretas. Algumas delas carecas.

Cara-metade, cérebro idem

Mas celebrar o Poeta Castrado (Não!) é só um exemplo da lusitana folia. Graças à blogosfera, vide o Matamouros, fiquei retroactivamente informado da crónica do sr. Miguel S. Tavares, que enfim trouxe para a análise política os prodigiosos achados de Lombroso na psicologia. Refiro-me, como os iniciados terão percebido, ao método da Contemplação da Tromba (CT).
Claro que a execução eficaz da CT exige-nos, à partida, um domínio quase cabalístico de conceitos, teorias gerais, teorias auxiliares e etc. Ou seja, não é para todos. Felizmente, é para o sr. Tavares - e dessa forma a sumidade, num ápice, apreende toda a Verdade sobre o terrorismo internacional ou o maquiavélico, embora simplório, carácter de George Bush. O sr. Tavares olha para a cara de Bush, e zás!, eis que desaba a hipocrisia do governo americano. O sr. Tavares fita Bin Laden, e pimba!, onde um leigo só vê moscas, barba e sujidade, ele descobre um génio arrebatador.
Em benefício das minhas pobres crónicas e da sociologia portuguesa, eu dava um bracinho para aceder à sabedoria do sr. Tavares, mas suspeito estar muito verde para uma CT em condições. A título de teste, experimentei contemplar a tromba do próprio sr. Tavares. Não fui a lado nenhum. Arriscando sujeitar-me à galhofa colectiva, confesso que apenas vi um sujeito de meia-idade, de aspecto sensato, provavelmente alfabetizado e, talvez, razoavelmente culto.
Pronto, gozem à vontade: foi o que me pareceu, que querem? Eu avisei que a CT dá um trabalhão dos diabos, e que tentar aplicá-la sem fundos conhecimentos descamba na anedota. Estava na cara.

Sôdade, sôdade

Uma pessoa termina as férias; percorre milhares de quilómetros em aviões diversos; entra em casa; hesita entre desfazer as malas ou ligar a televisão; como qualquer liberal imbecil, opta pela televisão. E? E depara com o sr. Júlio Isidro a comandar uma homenagem a Ary dos Santos. Só então uma pessoa percebe mesmo que voltou a Portugal. A recorrente lágrima começa a rolar e o ânimo passa de moderato cantabile a andante lugubre. É assim.

terça-feira, janeiro 13, 2004

Publicidade institucional

O Homem a Dias vai de férias por uma semana. Quer dizer, de férias já eu tenho andado. Mas só do blogue. Agora a ausência será geral e oficiosa, em lugares cujos teclados esotéricos não se dão bem com esta língua portuguesa que afinal era a pátria do Pessoa. O Pessoa bebia imenso.

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Defeito adquirido

O blogue tem andado a meio gás? Há correio em atraso? Que remédio: desde que fiz do Homem a Dias o meu ofício, os demais passatempos, como o vulgar trabalho e o coleccionismo de isqueiros Bic, roubam-me tempo como o caraças.

Defeito de nascença

O maradona não gosta do que julga ser o meu nome próprio. Felizmente, «Alberto» é alugado. Grande abraço, diego.

Não vi, não ouvi e gostei bastante

Em finais de Janeiro, estreia ‘Lost in Translation’, que já deve dispensar comentários.
Lá mais para a frente, deverá sair o novo álbum dos Magnetic Fields, do sr. Merritt, que escreveu sozinho as 69 canções do melhor disco dos últimos dez anos e é, sozinho, a melhor banda pop do mundo.

terça-feira, janeiro 06, 2004

A água suja do fanatismo

Deu no «Jornal das 10» (ou das 9?). Um tunisino, emigrado em França, inventou a ‘Mecca-Cola’, um refrigerante alternativo para os muçulmanos que odeiam os EUA (aproximadamente 99,78%) e cujos lucros revertem (em 10%) para ‘associações palestinianas de beneficência’.
A coisa parece que está a dar resultado, já que se esgota nas prateleiras francesas e é exportada para nações prósperas como o Senegal. O sucesso é tamanho que um consumidor, entrevistado ao calhas em Paris, confessava esfusiante: «A ‘Mecca-Cola’ é o primeiro grande invento século XXI! E foi engenho de um árabe!»
O invento do século, um plágio miserável que financia terroristas? Há povos que se orgulham com facilidade. Fôssemos nós assim e a depressão jamais nos bateria à porta: até os discursos do dr. Sampaio seriam pretexto para bailarico e foguetório.

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Saco cheio

Não compro o «Expresso» vai para dois anos - salvo o erro, desde que suspenderam o suplemento «Apicultura». Mais: um dos meus passatempos preferidos dos sábados é escarnecer (interiormente - que o meu físico pede moderação) dos moços que passeiam o famoso saco, ansiosos por devorar as análises especulativas do cerebelo de Cavaco.
E agora, graças a este biltre, serei forçado a largar três euros semanais ou lá o que é e a fazer figuras tristes. Serei? João, não me lixes: manda-me a crónica por mail.

Quitério terminal

Durante os últimos dias, a Sic Notícias abriu 376 noticiários com os atrasos da Air Luxor. Assim, pudemos contemplar 376 vezes as declarações daquele passageiro que se queixava do arroz servido no restaurante do aeroporto: «Colava-se aos dentes», garantiu. Eu compreendo a dor do sujeito, dado que também não aprecio intimidades excessivas entre o arroz e a dentição. Mas acrescento, a bem do equilíbrio informativo, que já viajei em várias ocasiões com a Air Luxor e nunca tive problemas horários, dentários ou outros. O que não posso dizer sobre algumas companhias estatais, que me prendaram com generosas esperas sem que as televisões me pedissem uma crítica gastronómica. Tivessem pedido e eu dava-lhes o arroz.

sexta-feira, janeiro 02, 2004

Personalidade do ano

Sem sombra de dúvida, o Ricardo Oliveira, que não conheço, mas que me enviou solicitamente a canção «Lição de Português», do Madi (ver post abaixo).
Por questão de horas, perderam o título o Paulo Andrade, a Maria João Pires (?) e a Isabel Lacerda, que logo em seguida fizeram ou se prontificaram a fazer o mesmo.