terça-feira, março 29, 2005

Um post merecido

Houve blogueiros que chegaram à imprensa. Houve blogueiros que chegaram à televisão. Houve pelo menos um blogueiro que foi visto a chegar a Torres Vedras. Mas nunca, dos blogues nacionais, saíra uma estrela de cinema. Até agora. Ei-lo: Ricardo, Gross de sua graça, no firmamento que ele merece. E o melhor de tudo é que ele continua a falar com os amigos. E continua um dos melhores amigos que se pode ter.

quinta-feira, março 24, 2005

Tu vieste em flor...

No programa da Sic Notícias dedicado aos “livros da vida” de uns tipos quaisquer, a apresentadora pergunta ao convidado (cito de memória): “Como é que escolhe os livros? Desfolha-os?”. Não era metáfora. Ou se calhar era metáfora, o que acaba por ser ainda mais engraçado. Ou mais assustador, depende das nossas escolhas, e do modo como as desfolhamos.

quarta-feira, março 16, 2005

À atenção dos economistas

A Lusa anuncia o decréscimo dos acidentes de trabalho. O facto demonstra que as vantagens do aumento do desemprego não se reduzem à maior permanência dos pais em casa, onde podem acompanhar devidamente a educação dos filhos e espancá-los sem pressas. A partir de agora, a estatística prova que a falta de emprego não só garante um futuro digno para os jovens como uma vida mais segura para muitos de nós.
Para saudar a notícia, proponho uma fórmula operativa:

AT = (D – W + W’) x 1/Y + [SSP]

Em que:

AT – Quantidade anual de acidentes de trabalho
D – Número de desempregados no momento em que o PS foi eleito
W – 150 mil empregos prometidos pelo PS
W’ – 150 mil lorpas que acreditaram nos 150 mil empregos prometidos pelo PS
Y – Novos desempregados que o PS não previu no seu radioso programa eleitoral
SSP – Sérgio Sousa Pinto, que anda fracturado por não lhe terem oferecido nada de jeito e está capaz de pegar nos parêntesis rectos e desfazê-los na cabeça de alguns dirigentes socialistas, enviesando muito ligeiramente os resultados gerais.

terça-feira, março 15, 2005

Songs to learn and sing (2)

Composta para o filme Swing Time, de 1936 e George Stevens, The way... ganhou o Óscar para a melhor canção. A versão de Astaire, primeira de centenas, permanece, salvo pior opinião, a mais perfeita. Como quase tudo o que Astaire gravou, aliás. Cole Porter não falava de cor.

The way you look tonight
(Jerome Kern, Dorothy Fields)

Some day, when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow just thinking of you...
And the way you look tonight

Oh but you're lovely, with your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me but to love you
And the way you look tonight

With each word your tenderness grow
Tearing my fear apart...
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Lovely... Never, ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it ?
'Cause I love you... Just the way you look tonight

sábado, março 12, 2005

Songs to learn and sing (1)

Numa cedência vergonhosa às tecnologias de ponta, o Homem a Dias, tal como o Teodoro, rendeu-se ao sonoro. São canções, obviamente as melhores, que podem ser escutadas se se carregar no botão de play que está no rectângulo à direita do monitor. Não parece difícil.

Para início de conversa, Nico, disco Chelsea Girl (1967).

Somewhere There's a Feather
(Jackson Browne)

Love and learn
Take your turn
Somewhere there's a feather
Falling slowly from the sky
You need not know the reason why.

Stand apart
Hear your heart
Someday there will be
Another lover till the end
You need not hold your breath till then.

Don't ask me to explain to you
There's nothing to remain but what we see.

Fall and climb
Take your time
Somehow you must live up
To the precedents you've set
You need not hope for answers yet.

Don't ask me how I know it now
The future does not show itself to me.

So love and learn
Take your turn
Somewhere there's a feather
Falling slowly from the sky
You need not know the reason why.

sexta-feira, março 04, 2005

Estado de (imensa) graça

Sócrates destacou a “alegria” como uma das virtudes do novo Governo. Foi modesto. Com Freitas do Amaral nos Negócios Estrangeiros, a coisa atinge a pura galhofa.
No que toca ao resto, apenas três notas. Uma positiva sobre o ministério do Turismo: não existe. Uma negativa sobre o ministério da Cultura: existe. E uma de surpresa, pela presença do próprio Sócrates no Executivo.

quarta-feira, março 02, 2005

Ainda Joseph Mitchell

O leitor Rui Queirós escreveu-me:

O 'Adversário' é um excelente livro que deu origem a um filme muito interessante, nomeadamente pela melancólica interpretação de Daniel Auteuil. Quanto ao outro filme sobre esta história, 'O emprego do tempo', nunca vi.Lembro-me de ler boas críticas, mas isso vale o que vale... Também gostei bastante de Joe Gould's Secret, que além de ser uma história fascinante é muito bem escrita. Não sei é qual é a história de Joseph Mitchell 'após escrever as duas partes de Joe Gould's Secret' ...não quer elucidar a curiosidade do(s) leitor(es)?


Vamos a isso. A “primeira parte” de Joe Gould’s Secret chama-se Professor Sea Gull e foi escrita em 1942; a segunda, a que exibe o título definitivo da obra, em 1964. Uma deu a conhecer o pequeno mito de Greewich Village; a outra destruiu-o. No percurso, alguma coisa em Mitchell parece ter saído igualmente abalada. Depois de 1964, e nos trinta e dois anos até à sua morte, manteve o gabinete na New Yorker, onde diariamente dactilografava textos que nunca publicou e, que se saiba, nunca ninguém chegou a ler. Nos intervalos, vagueava por Nova Iorque, apanhando objectos das ruas, basicamente lixo (o número 88 da revista Granta possui uma reportagem sobre este assunto). A um jornalista do Washington Post, Mitchell disse:
You pick someone so close that, in fact, you are writing about yourself. Joe Gould had to leave home because he didn't fit in, the same way I had to leave home because I didn't fit in. Talking to Joe Gould all those years he became me in a way.
De facto.

terça-feira, março 01, 2005

Para ti, CCCC

Há três "histórias de vida" mais ou menos contemporâneas que me fascinam há mais ou menos tempo. Uma é a de Joe Gould. Outra é a de Joseph Mitchell, após escrever as duas partes de Joe Gould's Secret. A terceira é a de Jean-Claude Romand. Esta última também deu livro e filme, e foi deles que te falei no outro dia, Carlos.

Destaques a amarelo

Apesar de (ligeiramente de) esquerda, este rapaz é meu amigo.