Grandes Momentos da Língua Portuguesa (I)
"Só um outro olhar, mais exigente, mais compreensivo e mais irreverente sobre o mundo de hoje, nos livrará das tenazes do conformismo. Para uma esquerda em processo de renovação, esse olhar tem que assumir algumas ideias chave. Essas ideias são, em primeiro lugar, a de que vivemos em sociedades liberais em que a identidade política dos indivíduos é, apenas, um dos traços da sua identidade global, sem privilégios de qualquer espécie. O indivíduo contemporâneo é um mosaico de identidades em que os aspectos profissionais ou lúdicos, familiares ou políticos, se equivalem, combinando-se de modos diversos na plenitude da sua afirmação individual.
Seguidamente, o de que convém conduzir uma interrogação séria sobre o que significam e representam nos nossos dias os partidos e as ideologias políticas, interrogação que permita conhecer que valores, que opiniões, que paixões se projectam no campo político, e de que modo tudo isto redefine a oposição entre direita e esquerda. Em terceiro lugar, a de que se impõe cortar com a visão tradicional do Estado, sobretudo com o voluntarismo de reminiscências vanguardistas que condiciona todas as transformações sociais à acção do Estado e à valorização do seu enquadramento legislativo. Por fim, impõe-se conseguir fazer passar a acção política do nível nacional em que as suas incapacidades ou os seus bloqueios são cada vez mais nítidos, para o plano supra e transnacional em que, na verdade, se decide muito, e cada vez mais, do que é fundamental."
Seguidamente, o de que convém conduzir uma interrogação séria sobre o que significam e representam nos nossos dias os partidos e as ideologias políticas, interrogação que permita conhecer que valores, que opiniões, que paixões se projectam no campo político, e de que modo tudo isto redefine a oposição entre direita e esquerda. Em terceiro lugar, a de que se impõe cortar com a visão tradicional do Estado, sobretudo com o voluntarismo de reminiscências vanguardistas que condiciona todas as transformações sociais à acção do Estado e à valorização do seu enquadramento legislativo. Por fim, impõe-se conseguir fazer passar a acção política do nível nacional em que as suas incapacidades ou os seus bloqueios são cada vez mais nítidos, para o plano supra e transnacional em que, na verdade, se decide muito, e cada vez mais, do que é fundamental."
- Manuel Maria Carrilho