Estão a ver? Eu não morri
Não fosse grotesco, teria graça. No “telejornal” (RTP1, serviço público), passa uma “reportagem” da CNN, na qual o “jornalista” se deixa guiar entre escombros por um confesso membro do Hezbollah. De vez em quando, o “resistente” desata a correr (para fugir, explica, da aviação israelita, que vem aí a qualquer momento). De vez em quando, pára, aponta para umas ruínas e informa o “jornalista” de que ali só pereceram civis inocentes. E não, supõe-se, terroristas como ele. O “jornalista” abana a cabeça em sinal de lamento. Regresso ao estúdio. José Alberto Carvalho exibe consternação. Eu também, imagino que por razões diferentes.
Adenda: ontem, na Sky News, este resistente/terrorista servia de cicerone a outras estações televisivas, que bebiam com avidez as suas palavras. Nos mesmos locais, o cicerone fingia a mesma angústia, repetia os mesmos queixumes ("É esta a democracia de Israel, é esta a democracia de Israel, é esta a democracia de Israel!") e soltava, com assinalável timing, os mesmos ganidos. Temos, portanto, um relações públicas do Hezbollah com vocação para amador dramático. E temos, escusado dizer, uns amadores do jornalismo com vocação para relações públicas do Hezbollah.
<< Home