A guerra quente
(Correio da Manhã, 7 de Fevereiro)
Enquanto os portugueses se distraem a discutir o aborto e a espalhar camisolas de Cristiano Ronaldo pelo mundo, o mundo teme o aquecimento global. O assunto é tão grave que já se defende a criminalização de quem o ousa questionar, como acontece em certos países aos que negam o Holocausto.
Há aqui vasto exagero: mesmo na Europa, o Holocausto tem vindo a ser negado sem problemas. Veja-se o recente caso de um subúrbio de Madrid, onde o dia dedicado às vítimas do nazismo foi substituído pela memória do “genocídio palestiniano” (sic). No fundo, limitou-se a seguir o conselho do jornal “La Vanguardia”, que em tempos sugeriu a criação de um “Museu do Holocausto” para a Palestina. Desvalorizar o extermínio de seis milhões de pessoas é hoje passatempo vulgar, que entre europeus e os parceiros de Hitler, os árabes, cai bem e até alegra uma roda de amigos.
O aquecimento global merece outro respeito. Ainda no último sábado, uma absurda organização intergovernamental, o IPCC, divulgou um “estudo” em que alerta para a catástrofe e aponta a culpa, “muito provável”, do Homem. Como de costume, o “estudo” foi recebido com a pompa de uma verdade universal, que poucos contestam.
O curioso é que, ao contrário do Holocausto, o aquecimento global é uma mentira. Os peritos que não receiam pelos seus empregos ou, no futuro, a prisão, têm demonstrado com regularidade os delírios que os funcionários políticos do IPCC, os académicos e os ecologistas em geral produzem em troca de fundos e proeminência. Simplificando imenso, é verdade que o planeta regista um ligeiro aumento das temperaturas desde a década de 1980. E depois? De 1940 a meados dos anos 70 as temperaturas desceram. Se se recordam, era o “arrefecimento global”, o qual, juravam inúmeros místicos, iria condenar a Terra.
Aparentemente, a Terra resistiu. Como resistira, por exemplo, aos “fatais” ciclos de calor verificados nos inícios dos séc. XX ou durante 500 anos na Idade Média. E às pequenas “idades do gelo” que os separaram. A Terra possui o hábito de sofrer mudanças climáticas, que os cientistas autênticos não explicam e muito menos antecipam. De facto, é difícil prever os eventos dos próximos cem anos através dos exactos métodos que não acertam na chuva da semana seguinte: a ciência examina ocorrências, a bruxaria brinca às estimativas.
Mas não importa acertar. Importa juntar dados desconexos a fim de estabelecer a “evidência” do apocalipse climático e, não esquecer, acrescentar-lhe a “responsabilidade” humana. Porquê? Nada de novo: porque todo o exercício visa atacar as sociedades industriais, leia-se o capitalismo, leia-se os EUA e os seus aliados. Terminada a Guerra Fria, a orfandade levou alguma esquerda a acolher a selvajaria islâmica emergente (incluindo, claro, a “causa” palestiniana). Nos momentos de delicadeza, a esquerda manipula idiotas úteis (ver Gore, Al) e segue a alternativa ecológica: o aquecimento global, essa portentosa fraude, é a via “verde” e “despoluída” do antiamericanismo de sempre.
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